Ah, o caminho da bruxaria. Traz o despertar espiritual, a vontade de ver a vida com outros olhos, é lindo, mágico e... cansativo, doloroso, quase enlouquecedor. Quando eu escolhi trilhar esse caminho, não sabia o que ele significava e nem sobre as transformações que ele traria. O caminho na bruxaria é como a jornada do herói. Estamos dormindo, sem consciência do que se passa ao nosso redor e então algo nos desperta, algo nos empurra para fora da nossa zona de conforto.

O que é Bruxaria 

Para mim, a bruxaria é uma ferramenta para melhorar minha vida e a vida das pessoas ao meu redor. É a ferramenta que eu vou usar para cumprir minha missão. A bruxaria é mais do que se aprende nos livros, para ser completa devemos vivenciá-la, viver a magia no dia a dia. A bruxaria é ver e perceber as energias e os mundos ao nosso redor com um outro olhar, para poder então transformá-lo.

A bruxa se transforma todo dia. Esse é trabalho dela: transformar. Tudo o que ela toca se transforma. Se você conheceu uma bruxa hoje, terá que conhecê-la amanhã novamente, pois ela não será a mesma.

Precisamos nos reinventar, aprender e evoluir todos os dias, sair da nossa zona de conforto. A bruxa vê coisas comuns de um modo diferente. Todos os sonhos são mensagens importantes. As dores no corpo indicam dores na alma. Os animais que aparecem no caminho não são simples animais, são mensageiros. As pessoas que surgem, são aprendizado.

Tudo acontece muito rápido e muito devagar ao mesmo tempo. Sempre muito estudo e esforço para  pouca recompensa, pelo menos as visíveis. Nós não só mudamos com tudo isso, nós renascemos. Renascemos como uma nova pessoa que, a cada dia que passa, tenta mudar o que não funciona mais. Para mim, as palavras que descrevem uma bruxa são transformação e inconformidade. A inconformidade da situação atual que leva a bruxa a transformar. A transformação faz parte da natureza da bruxa, faz de quem ela é.

O Medo de Bruxas Hoje

Não importa a tradição, vertente ou caminho, as bruxas sempre causam um pouco (as vezes muito) de receio. O medo que as pessoas possuem das bruxas vem, além do imaginário popular e da cultura, do medo de mudanças e do desconhecido. A bruxa é uma figura misteriosa com ferramentas desconhecidas que chega para mudar uma situação. Colocar as bruxas em um único esteriótipo ajuda a manter o campo conhecido. Então bruxas usam preto, chapéu pontudo, tem vassoura, varinha, caldeirão e vão jogar um feitiço em você se você olhar feio para ela.

Nem toda bruxa usa preto, nem toda bruxa usa chapéu pontudo. Muitas vezes a bruxa entra em uma situação, faz seu trabalho e vai embora sem ser notada, deixando só uma sensação de que algo diferente aconteceu.
Muitas bruxas preferem não se identificar como tal, permanecendo nas sombras, ajudando quem precisa sem ser notada. Outras preferem sair e se mostrarem disponíveis para ajudar a quem pedir e existem bruxas que estão ajudando a si mesmas.

O Meu Caminho na Bruxaria



O meu chamado à aventura foi bem peculiar. Eu estava no início do tratamento para fobia social e no primeiro semestre da faculdade. Em uma aula de antropologia ouvi o professor comentar sobre uma turma de jornalismo que fez o TCC sobre bruxas modernas. Eles tinham até chamado uma sacerdotisa de verdade! Eu então comecei a procurar loucamente sobre a bruxaria nos tempos modernos e pensei comigo "se for pra fazer merda, eu sou nova, tá no tempo de fazer merda". Li dezenas de livros sobre Wicca, achava fantástico como falavam sobre a deusa, a ideia da divindade maior ser feminina fazia muito mais sentido na minha cabeça. Toda aquela conexão que os devotos tinham com a deusa, sentir sua energia parecia ser algo maravilhoso! Mas eu não conseguia. Eu ouvia sim algo falar comigo, eu sentia algo me consolando quando eu precisava de consolo, mas era algo... diferente. Continuei estudando sobre magia natural. Eu era a louca das ervas, cristais e incensos. Estudei tarot, o que me levou para um caminho também maravilhosa, mas esse fica para outra hora. E indo em eventos aqui, palestras ali, entrei em contato com a ideia de deuses guias.

Comecei a busca. E foi nessa busca que tudo mudou. Nessa busca eu encontrei pessoas que ajudaram e pessoas que me atrapalharam, encontrei outras divindades. Eu fiquei maluca. Cheguei em um ponto que não sabia mais o que era real e o que não era. Desde o começo da minha busca, eu estava envolvida em uma bolha de ilusões e quando essa bolha foi estourada, todo o meu mundo foi caindo aos pedaços. Eu não sabia mais quem eram meus amigos, não sabia se podia confiar na minha mente, não sabia se podia confiar em mim para fazer magia.

Tomei a decisão de recomeçar do zero, levando todas as lições que tinha aprendido até aquele momento. Não queria mais me enganar com outras divindades, achando que elas eram minhas guias porque eu interpretei sinais que não estavam lá ou que acabavam me levando a lugares opostos. Era como se tudo tivesse sido arquitetado para me deixar confusa e para acabar com tudo o que eu acreditava. E realmente foi.

Quando Loki é sua divindade guia e você está se iludindo, pode esperar que a sua ilusão vai ser multiplicada por 1000. Até eu descobrir que era Loki foram lindos 6 meses sendo tapeada.
Encontrar um guia tornou algumas coisas mais fáceis e outras mais difíceis. Eu não ficava mais perdida, tinha objetivos de estudos e aprendizados concretos, mas eu tinha uma missão e era cobrada por isso. As vezes parece que o fardo é muito pesado, mas é só questão de ajeitar a mochila nas costas.
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Primeiro post! Uhuuul! Depois de algum tempo arrumando as ideias e o layout do blog, levar uns chutes no traseiro e umas broncas da minha guardiã, finalmente comecei a escrever. Conversar daqui, pergunta de lá e um assunto que sempre surge entre minhas manas bruxas é exatamente guardiões espirituais. O que é um guardião? Como falamos com ele? O que ele faz? Todo mundo tem guardião?


                     


Guardiões espirituais são espíritos que se conectam conosco no momento do nosso nascimento e se desligam de nós quando desencarnamos. Todas as pessoas possuem um guardião. Esse espírito nos auxilia durante nossa vida na Terra e pode ser humano ou não. Eles são responsáveis pela nossa sorte, por nos guiar e proteger e podem intervir em acontecimentos e eventos da nossa vida cotidiana. Essas intervenções podem vir através de um pensamento, intuição, sonhos, sensações ou intervenções ativas, quando o guardião interfere diretamente em uma ação que está em curso.

Nos conectarmos com nosso guardião é importante para aumentar nossa percepção de nós mesmos e do ambiente em que vivemos. Ao entrar em contato com esses seres, conseguimos ver mais claramente o caminho a nossa frente e onde ele nos leva. Nos conectarmos com nossos guardiões é nos conectarmos com uma parte de nós mesmos.

Os guardiões estão presentes em várias culturas pelo mundo. O que mais conhecemos é o anjo da guarda cristão, um anjo enviado por Deus para guardar e proteger seus filhos. Na cultura nórdica os guardiões são chamados de fylgja (pl. fylgjur), que significa "acompanhar". Possuem forma feminina ou de animais e a forma da sua fylgja diz muito sobre o seu guardado. Serpentes, ratos, lobos, ursos, raposas, cavalos, cada animal possui uma característica particular que é expressada pela personalidade da pessoa. Existem relatos nas sagas nórdicas de pessoas que se transformavam em seus fylgjur, provavelmente no plano astral. Se transformar em seu fylgja no astral é possível, mas isso é assunto para outro dia.

Lembrou muito minha guardiã S2
Na cultura grega temos os daemones (s. daemon), são como gênios pessoais de cada pessoa. Esses espíritos são mais poderosos que os humanos, mas estão abaixo das divindades, apesar de incluírem algumas divindades menores. Semelhantemente, a cultura árabe possui os djinni (s. djinn), a origem do gênio da lâmpada da cultura pop atual. Os djinni estão abaixo dos anjos na hierarquia, mas acima dos humanos. Eles vivem na Terra e são divididos de acordo com seu alinhamento moral. Os djinni podem alterar sua forma e gostam e pregar peças em humanos desavisados. Apesar de serem brincalhões, muitos são benevolentes e querem o bem da humanidade, por isso servem de guardiões para seres humanos, os guiando através da vida na Terra.







COMO SE CONECTAR COM O SEU GUARDIÃO

Para isso, você pode começar com algo simples. Não é necessário nada especial. Você vai precisar de:

- Uma vela branca
OU
- Um incenso de seu gosto

Antes de começar, sugiro que faça uma sessão curta de mindfulness para limpar a mente e se conectar com o aqui e agora. Encontre um lugar calmo e fique em uma posição confortável. Acenda a vela ou o incenso e chame pelo seu guardião. Diga que você quer conhecê-lo, que quer ouvi-lo. Conte sobre você, sobre sua vida, sobre seu dia. Mesmo que ele já saiba de tudo isso, é importante estabelecer um diálogo. Diga como está, porque quer se conectar com ele. Converse como se estivesse conversando com um amigo. Quando terminar, agradeça a presença dele e apague a vela/incenso. Faça isso com certa frequência e anote como se sentiu antes e depois de cada conversa. As vezes durante a conversa, o ar pode mudar, você pode sentir cheiro de algo. Logo após a conversa você pode sentir vontade de fazer algo diferente. É normal, não se assuste, só não se esqueça de anotar.

Manter um registro é importante para que possamos notar as mudanças que nossa prática traz. Você pode ter um caderno só para isso, anotar em uma caderneta ou bloquinho de notas. A frequência das conversas varia de acordo com cada pessoa. Você pode começar fazendo todo dia e espaçar depois de um tempo. Ou fazer uma fez por semana, dia sim, dia não. Você decide.

"Falei com meu guardião, e agora?" Calma, fera. "MAS EU VOU FAZER O QUE COM MEU GUARDIÃO?" Você não vai fazer nada com ele. Não dá pra devolver, não dá pra trocar (as vezes dá), não dá pra ficar sem. O que você pode fazer, e eu aconselho muito, é: peça conselhos quando a situação estiver difícil, peça clareza quando não souber qual caminho seguir, peça forças quando estiver fraco, peça proteção quando se sentir ameaçado. Cada guardião é diferente, assim como cada pessoa é diferente. A minha guardiã, por exemplo, é muito impaciente em relação à outras pessoas, mas extremamente paciente e cuidadosa em relação à mim.

O ALTAR

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Caso você (ou seu guardião) queira, você pode montar um altar para seu guardião. Uma vela e um incensário já é um bom começo. Não é obrigatório, mas pode ajudar. Em cima da sua cômoda, ou naquela mesinha de vidro que você não usa. O altar é um lugar especial dedicado somente para a finalidade em que foi criado. É na frente do altar que você irá meditar, conversar e ouvir eu guardião. É nele que você depositará oferendas e acenderá velas e incensos para ele. Colocar imagens, decorações típicas e objetos da cultura de origem do seu guardião é uma ótima opção. Mas para saber exatamente o que seu guardião quer, o melhor é perguntar diretamente para ele. Minha guardiã, por exemplo, adora moedas douradas. Quando pedi para ela me mostrar o que ela gostaria no altar, eu encontrei três moedas de 10 centavos em um mesmo dia, em lugares diferentes, na rua. Na noite seguinte sonhei com uma mulher de vermelho com muitas jóias douradas e moedas douradas nas bordas de suas roupas. Recado recebido: moedas douradas. 

MINHA EXPERIÊNCIA

Particularmente, eu tenho dificuldade em manter rotinas. Fiz três dias seguidos de conversa e depois me esqueci totalmente. Quando fazia era ocasionalmente aos sábados. Não lembro em qual dos três primeiros dias (olhem a importância das anotações) senti alguém se sentando ao meu lado, no puff cor de rosa que tenho no meu quarto. Eu não só senti como ouvi o puff fazendo barulho. E não fui eu que fiz o barulho porque eu estava sentada no chão.
Quando as coisas começam a fazer barulho
                                                      
Estabelecer uma relação com seu guardião é como uma amizade: precisa de tempo. E como toda amizade, não é só flores. O seu guardião não está aqui para passar a mão na sua cabeça, ele está aqui para te GUIAR. Eu já ganhei uma rolhada (sim, uma rolha de garrafa, daquelas de espumante) na orelha por gastar o que não devia. Volta e meia levo uns berros, uns chacoalhões.
O guardião mostra aquilo que está bem a nossa frente, mas nós não conseguimos ver. Ele nos ajuda durante toda a nossa vida, mas raramente percebemos isso. Estar em contato com seu guardião é um passo importante para o auto conhecimento e avaliação constante dos caminhos que tomamos.

Beijos da tia e até a próxima! 😗